
24 mar No meu cantinho solitário – por Diane De Camillis
Em um cantinho do meu sofá eu me espremo em busca do sol. Nessa época do ano, é um dos poucos lugares da casa onde posso encontrá-lo. Se estivéssemos levando a vida normalmente, eu poderia sair à rua para buscar outros cantinhos onde ele estivesse. No momento, é só o que eu posso ter.
Ouço o ruído do vento, que nunca me pareceu tão forte. Talvez porque antes tivessem outros sons que o abafassem. Agora, a cidade está em silêncio por conta de algo tão pequenino que nem conseguimos enxergar, mas que faz um mal gigantesco.
Eu me pergunto que mal a humanidade fez para merecer tudo isso. Mas, ao começar a pensar na resposta, eu prefiro não encontrá-la. Então, percebo que, assim como eu, outras pessoas no mundo inteiro podem estar fazendo a mesma reflexão. Espero mesmo que estejam.
Tomara que em um cantinho de outras tantas salas, em busca de um pouquinho do calor do sol, todos possam refletir. Não mais sobre o mal que fizemos ao planeta, mas no bem que poderemos fazer quando ele se recuperar. Foi preciso trancar todo mundo em casa para a Terra poder descansar.
Foi necessário parar o mundo quase em sua totalidade para a gente entender que tudo precisa mudar. O mundo não vai acabar, vai só se realinhar para a gente poder recomeçar.
Recomeçar de uma forma melhor e escutar o que o planeta está pedindo: que quando a gente puder sair para ver o sol lá fora, nós nos lembremos do valor que cada cantinho tem. Não só o da nossa casa, mas do planeta inteiro.
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