Relacionamentos em tempos de Apps - Diane de Camillis
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Relacionamentos em tempos de Apps

Relacionamentos em tempos de Apps

Por Diane De Camillis

Você já reparou? Muitas pessoas se conhecem hoje por meio de aplicativos de relacionamento, entre uma atividade ou outra do dia a dia, um café no trabalho, uma série de exercícios na academia, um farol fechado no trânsito.

E o que mais impera? A intolerância, a falta de respeito em deixar alguém falando sozinho. Se fosse pessoalmente não deixaríamos ninguém sem resposta, mas como é por aplicativo e por whats app, a gente deixa. A mensagem está lá, então depois a gente responde. E daí esquece…

Esquece porque a pessoa não tinha importância? Ou porque estamos dando atenção para tanta gente, que acabamos não dando atenção para ninguém de verdade? Esquecemos porque aquela pessoa não é nosso amigo/caso/família então no fundo, não sabemos nem quem é? São tantos rostos e nomes – muitos repetidos – que não lembramos nem mais com quem estamos falando.

Se tivéssemos conhecido alguém em qualquer outro lugar e trocado telefone pessoalmente seria tudo diferente. Se você parou para conversar com alguém e pedir o telefone significa que prestou atenção de verdade na pessoa.

Agora pegar o telefone de alguém por aplicativo, significa que se está trocando contato com várias pessoas e que nenhuma tem importância realmente. Porque se determinada pessoa não trocar contato, outra troca. Se não tratar você bem, outra trata. Se não gostar de você, outra gosta.

O pior é a falta de interpretação e tolerância. Basta uma frase mal interpretada, ou até uma simples palavra errada para duas pessoas que poderiam se dar muito bem pessoalmente, nem terem essa oportunidade.

O mesmo acontece se alguém não gostar de uma foto que você postou, ou de um comentário que você mencionou na rede social. Aquela que parecia ser a pessoa ideal se transforma em um inimigo.

Sinto que o pensamento da maioria é: se está tão fácil conhecer alguém pelas redes, para que perder tempo com alguém que está dificultando? Existem tantas outras centenas, milhares de pessoas. (Será que alguém chega a conhecer mil pessoas? Acho que virtualmente sim).

São trocas de fotos, informações pessoais, conversas e muita energia, com pessoas que na maioria das vezes, não chegaremos nem a conhecer. Não vai dar tempo.

Sabe, me pergunto se isso tudo é bom ou ruim. Acho que ruim. Porque não gosto de julgar nem ser julgada por uma meia dúzia de fotos, meia dúzia de frases, por milhares de pessoas que estão me vendo em uma “vitrine”, em um “cardápio”.

Pessoas que não sabem – nem querem saber – por tudo que passei na vida. Que não vão saber o quão companheira e amiga eu sou porque não gostaram da foto que eu coloquei com cara de sono no meu Facebook. “Ah ela não é tão bonita quanto parecia no site” – muitos devem pensar.

Em um mundo onde me parece importar muito mais a quantidade do que a qualidade, eu que dou valor a outras coisas, não me encaixo nesse padrão de adicionar um catálogo de pessoas na memória do meu celular.

Bem mas pelo visto eu faço parte da minoria que não acha legal a geração encontro por aplicativos. Faço parte da minoria, não faço?

Diga para a gente de qual lado você faz parte, e se a sua visão é diferente da minha. Vai que de repente eu só cruzei com perfis errados e você não!

 

 

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